Entrevista com o desenvolvedor da série SLG200

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Entrevista com o desenvolvedor da série SLG200

Por trás do desenvolvimento do sistema de captadores SRT Powered

Perfil: Hidenari Kim

Hidenari Kim entrou para a Yamaha em 2007 como especialista em processamento de sinais no desenvolvimento de sistemas de compensação acústica para uso em salas e teatros. A partir de 2012, participou do desenvolvimento da série SLG200, equipada com o sistema de captadores SRT Powered. Ele se envolveu em todo o projeto, desde o desenvolvimento da tecnologia de elementos até a criação dos sons. Hidenari também trabalhou no desenvolvimento do software usado nos violões elétricos, como os da Série A, os TransAcoustic e o FGX5.

O Silent Guitar tem uma longa história, não é?

A estreia comercial do Silent Guitar foi em 2001, e todos os modelos seguintes desde então apresentam melhorias na qualidade do som, na tocabilidade e no design. O lançamento da série SLG200, em 2015, apresentou uma nova linha de modelos e deu aos violonistas a oportunidade de curtir o autêntico som acústico via fones de ouvido ou saída em linha.

Por que o violão tem apenas uma moldura, e não o corpo inteiro?

Para reduzir o volume do instrumento. No violão, a vibração das cordas faz o corpo ressoar e cria um som encorpado, apenas com a moldura do SLG o volume no acústico é reduzido para 10% a 20% comparado com um violão tradicional.

O fato de não ter corpo não altera o som e a reverberação?

Altera, sim. Sem o corpo, a ressonância e a reverberação que normalmente saem do violão para o ambiente se perdem, assim como a qualidade viva do som. Decidimos representar a profunda reverberação do corpo, mas mantendo essas características silenciosas, o que nos levou a criar o exclusivo sistema de captação Yamaha SRT (Studio Response Technology) Powered.

Pode dar mais detalhes sobre esse sistema?

O som capturado pelo captador embutido se mistura à ressonância de um violão gravado em estúdio. O resultado é um sistema que reproduz o som do próprio violão e da reverberação do espaço ao redor.

O Silent Guitar usa o captador para converter a vibração das cordas em sinais elétricos, que vão para os fones de ouvido ou para a saída em linha.

Sozinho, ele produz o som brilhante característico dos captadores. Junto com o elemento de modelação, recriamos a rica leveza do violão.

O músico pode fazer um ajuste fino usando o controle para ajustar entre o timbre modelado e o timbre do captador, o músico pode deixar o som mais encorpado quando tocar sozinho em casa, ou mais brilhante quando tocar com uma banda.

Esse sistema é exclusivo do Silent Guitar?

Ele foi originalmente desenvolvido para os violões elétrico-acústicos e, em seguida, adotado no Silent Guitar. A tecnologia SRT reproduz os timbres de violões excepcionais, gravados no melhor ambiente de estúdio possível. Criamos o som do Silent Guitar com base no timbre que gravamos no desenvolvimento da SRT.

Vamos falar do processo para criar o som do Silent Guitar.

Fizemos ajustes finos para obter um som natural e agradável, seja nos fones de ouvido ou pela saída em linha. Porém, como o Silent Guitar tem apenas a moldura e, portanto, não produz naturalmente nenhum som do corpo dele, não havia um som mais “correto”. Isso nos deu a oportunidade única de decidir como seria o som do instrumento.

Nosso objetivo não era "recriar" o som de outros violões, mas de expressar a natureza do Silent Guitar; assim, procuramos um som que se adequasse naturalmente à forma e ao tamanho do instrumento, à tensão das cordas, etc. No entanto, mantivemos um padrão: as características sonoras de um microfone vintage foram importantes ao decidirmos o som do Silent Guitar.

Como vocês chegaram a "esse som"?

Pedimos para várias pessoas avaliarem o som e consideramos a opinião delas ao tomar essa decisão. Procuramos pessoas de várias origens e nacionalidades: violonistas profissionais, músicos de estúdio, engenheiros de gravação e quem tivesse experiência com os modelos anteriores do Silent Guitar. Também perguntamos para músicos que tocassem instrumento acústico, mas que nunca haviam tocado violão antes. Depois, aplicamos o que nos foi passado na hora de finalizar o som.

Como vocês chegaram a "esse som"?

À esquerda: Lee Ritenour / à direita: Daniel Ho

Então, no fim das contas, a sensibilidade humana teve um grande papel nisso?

Avaliar timbres é algo muito subjetivo; acho que dez pessoas diferentes terão preferência por dez timbres diferentes. Alguém pode, por exemplo, sugerir um som menos áspero, mas esse “áspero” pode ter várias nuances, e as especificações para corrigir isso podem variar de acordo com a pessoa. O interessante foi que, ao ouvir o timbre final, todo muito imediatamente gostou.

Houve alguma dificuldade em particular no desenvolvimento da série SLG200?

A criação dos sons! Como ficávamos enfurnados trabalhando no estúdio, meus ouvidos gradualmente se cansavam, e eu perdia a capacidade de discernir exatamente o som que procurávamos. Nessas ocasiões, eu voltava ao início e ouvia a fonte sonora novamente; ou ouvia minha música favorita para descansar os ouvidos antes de retornar à tarefa.

Houve alguma dificuldade em particular no desenvolvimento da série SLG200?

O design enfatiza maravilhosamente o timbre quente da madeira.

No violão, a qualidade do som é influenciada pela madeira usada, e muitos instrumentistas acham isso muito importante. Embora o Silent Guitar não tenha um corpo, a moldura e o braço são de madeira, e o formato do instrumento, além de bonito, leva em consideração o conforto e a tocabilidade do instrumento.

O design enfatiza maravilhosamente o timbre quente da madeira.

Os violões da série SLG200 vêm com alguma função integrada?

Eles têm (dois tipos) de reverb integrado com qualidade de estúdio e efeito de chorus; cada um pode ser usado como o músico preferir. Também tem afinador integrado. Como os fones de ouvido inclusos, você faz de tudo no Silent Guitar, desde afinar até criar sons e se apresentar, sem precisar de nenhum outro equipamento. Acho essa uma grande vantagem desses instrumentos.

Para que tipo de violonista você recomendaria o Silent Guitar?

Em primeiro lugar, acho que todos os violonistas deveriam testar o Silent Guitar pelo menos uma vez. Desplugado, ele é muito silencioso, então você pode tocar o quanto quiser sem incomodar os vizinhos ou quem mora com você. Também recomendo como instrumento de viagem, já que um lado da moldura é removível, e o instrumento pode ser guardado no bag compacto. Alguns profissionais também o usam no palco; é o caso de Lee Ritenour, que nos ajudou na avaliação dos sons; e de Daniel Ho, que toca o Silent Guitar nas turnês. A saída de linha facilita a conexão ao equipamento, e a estrutura sem corpo do instrumento evita feedback, mesmo com o volume alto no palco. Eu adoraria ver a Série SLG200 sendo usada em cada vez mais situações.

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